Abismo do Desconhecido

a arte do destino é despretensiosa, porém absoluta
a força da liberdade é intensa, porém requer responsabilidade

podemos correr atrás do próprio rabo e nunca alcançá-lo
podemos correr atrás do próprio rabo e sermos sufocados por ele

quem é o seu pior inimigo?

há quanto tempo você está trancado dentro de você mesmo?
há quanto tempo você acredita que os demônios mais perigosos
estão fora de você?

quem te disse que seria fácil?
quem te mandou acreditar que era para ser?

a loucura é mesmo irreal?
por quanto tempo você consegue correr com as tesouras
sem derramar nenhuma gota de sangue?
quantas vezes você irá bater no muro
sem que ele te derrube de vez no chão?

quantos momentos efêmeros dura o para sempre?
quantas vezes o seu nunca se repete?

que respostas você teria quando não se faz nenhuma pergunta?

o dia já nasceu
para baixo tua sombra mais escura
para cima os raios de sol que cintilam

é hora do adeus
ou é o hora do olá
?

Vertigem dos vestígios

eu te dei o meu amor
e apesar de um número incontável de erros, nunca fui embora por um dia inteiro
mas me tornei um fardo exaustivo
uma projeção de querer sem poder

não tinha mais nada a dizer
não tinha mais nada a fazer
não tinha mais nada errado
nem certo

e acabou

tua imagem na minha memória surge acompanhada por vertigem
tua voz se foi
teus cheiros, teus odores
tuas mãos pequenas, teu corpo
tudo desvanecendo
enquanto meu ser despenca lentamente no abismo do desconhecido