domingo, 29 de outubro de 2017

incompleto

lembro exatamente das etapas do teu gosto
da sensação do suor da tua nunca nas minhas mãos
do teu calor perdendo temperatura
do deslizar da boca sobre a minha
dos dedos que tentavam decifrar minha pouca barba

de relance, num lampejo, se foi
não para sempre, botamos abaixo as paredes do drama
mas é que mesmo com todo esse gosto e a aquela sensação complexa
tudo parece tão sem graça
como a frieza que teu corpo parecia encontrar

gosto de mais calor nas minhas terras
gosto que tudo pegue fogo até acabar 


o ponto de chegada

quantas dessas coisas foram abandonadas
estão por aí, jogadas em algum lugar, empoeiradas
quantos de vocês foram deixados
quantas vezes fui eu, largado por qualquer lugar

meu olfato não pode chegar a sala fechada
o porão é proibido pra mim

vamos nos acostumando a voltar ao mesmo lugar
sem nunca chegar até ele de fato
e porque deveríamos?
o que deveríamos?

sem morte, sem dor
preenchido com torpor

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...