Spending my time

Eu vi suas fotos hoje
Não me causaram nada além da mesmice de outrora
Quando o clima era seco e abafado
E eu tentava entender nós dois.

Algo estava errado desde aquela primeira e longa conversa
Abraços apertados foram desfeitos
Despedidas foram encenadas
E eu nunca soube quem é você, ou talvez não quisesse enxergar que era só aquilo.

Todas essas constelações e infinitos universos
Isolados, separados pela distância de anos luz.
Maio está no final e não somos nada afinal.
Tudo passa, tudo passará.

O que quero dizer

Ser você mesmo é algo que não se pode esquecer.

Assim como ser gentil e ter compaixão pelos sentimentos de outrem.

A vida é esse laço de existência, somos um só: homens, corpos, almas, natureza.

Mentes corrompidas pelo desejo e pelo poder,

Percepções adulteradas por tanta gordura tecnológica.

E não há um ponto em que vamos parar.

Tudo segue, tudo continua caminhando ad infinitum.

Mas não se apegue a quem você é,

Somos flexíveis, mutáveis, cheios de amor.

Podemos muito para e pelo bem.

Temos um espirito tão brilhante e cheio de afetuosidade.

Podemos oferecer calor em palavras e gestos tão simples, mas tão significativos a quem precisa.

Às vezes tudo o que alguém precisa é ser ouvido, sentido, cuidado, e por tão pouco tempo e a um preço tão baixo.

Tantas pessoas na rua, perdidas em suas carências, sempre fazendo coisas por si mesmo

Sem compreender que a verdade está em enxergar o outro

Aliviar carências alheias ajuda também a nós mesmos.

E é isso que esquecemos, nos viciamos nos espelhos, no prazer próprio.

E eu protagonizo sim esses papeis, mas nunca é tarde para pensar diferente

Para fazer diferente

Para ser diferente. 

black

Eu sou invisível.
Ninguém consegue me ver.
Às vezes você ganha
Às vezes você perde...
E eu sempre perco o que não tenho.

Não sou encontrado
Não sou compreendido
Não sou desarmado.

A completude da solidão parece mais pesada.
A plenitude de vazios se faz mais presente.
Ao mesmo tempo em que ascendo, sinto-me caindo
lentamente... como chuva preguiçosa.

Eu não quero voltar sozinho

Não estamos sozinhos.
Não existimos sozinhos.
O outro existe, não legitimando ou validando egos
O outro existe como espelho de amor
De compreensão e compaixão.

Não existimos sozinhos,
Precisamos do laço dos abraços
Dá palavra gentil
Do toque que acalenta.
O outro existe em nós e para nós, e vice-versa.

O segredo estar em sermos verdadeiros
Sendo nós mesmos
Podemos deixar o outro ser também.
Não precisamos estar sozinhos.

Tempo perdido

Homem de água que nela enfraquece e cai.
Dançando as músicas que não são minhas
E apenas sentindo a dor que isso pode causar.
Enquanto você leva socos, algumas vezes, só lhe resta aguentar.

Nem todo pensamento vai embora
E nem todo toque consegue ser agradável.
Não é fácil mudar, muito menos aprender.
Por que homens feitos também tem medo e perdem o sono.

A era da produtividade vende até o amor.
Cobra por quem se é.
Cria redes de comunicação que mais parecem armadilhas.

Aonde estou preso?
Aonde queria estar?

Chega a saudade

Tenho estado com saudades
De coisas que quis e nunca vivi
Ou do que vivi muito tempo atrás.
A vida vai passando e às vezes parece que estamos apenas passeando nela.
Como cães que perambulam pelas ruas sem hora ou destino.

Tenho estado com saudades do amor
de amar, dos laços, do calor, da doçura clichê
da ansiedade e a preocupação que batem,
mas também da segurança e o conforto de ter um seu.
Aquele abraço quente, apertado. Aquele beijo que se repete como uma boa cena.

Tenho saudades de outros eus em sua companhia.
Dos pensamentos que pairam no ar como plumas.
Da vivacidade dos suores na colcha das camas.
Dos olhares intermináveis durante as refeições.
Ou simplesmente das mãos entrelaçadas durante toda a sessão de cinema.

Tenho saudades do que foi,
do que poderia ter sido,
mas não do que será.
O ontem se tornou a lembrança,
o presente o passeio
e o futuro... esse eu prefiro nem pensar.