quarta-feira, 26 de junho de 2013

A ponte

Eu atravessei e cheguei ao outro lado
Será que um dia eu poderei voltar?
Será que ainda existe o caminho de volta?
Talvez a verdade seja essa mesma
Essa de que existe um outro mundo a se explorar
Um mundo todo
Tudo o que eu nunca vi ou vivi.
Um tudo desconhecido

Eu estou aqui, aqui do outro lado.
Ou será que eu apenas parei no meio?
Talvez eu não exista mais no lado em que sempre estive
Talvez eu precise nascer na travessia.
Talvez eu só precise caminhar.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Segunda

Gostei do meu dia com sabor de cajá.
Sem forças e sem remar.
Eu só precisei estar ali
Ali em lugar algum.

Você consegue chegar até lá?
Consegue estar no meio das pessoas
Fazer parte delas
E ser ninguém?

Ninguém relevante
Ninguém conhecido
Ninguém
Apenas alguém.

Saudade do mar
Da maresia no vento grudando no corpo
De estar no meio e sobre a água
De ser sal, de ser proparoxítona.

sábado, 22 de junho de 2013

People help the people

Há dias as formigas tentam entrar no mel
E o pássaro canta canções de outros ventos
Enquanto tudo derrete e espalha pelo chão do quarto
Tanto açúcar. Nem sei mais o que é amargo.
Solidão ou nada?

Acho que não sinto nada.
Talvez o primeiro passo da corrida.
O último a chegar.
Minha alma ama a sua alma
E eu consegui ver o seu rosto.

Tudo tão escuro
E as lembranças que não se tornaram lágrimas
E a chuva que lavou a casa
E o vento que soprou um mar.

Sim, eu segurarei a sua mão quando for
Você é livre.

domingo, 16 de junho de 2013

Buscando pelo paraíso acabará encontrando o demônio em si.

Eu sinto o cheiro da sua curiosidade sobre mim
Buscando e revirando páginas de redes sociais.
Querendo captar cada pensamento e cada gosto.
Assim como sinto o cheiro das suas mentiras
Essas que você costuma contar por aí.
Essas que você prefere não pensar para não se sentir culpado.
Eu sei quem é você.
Não costumo ser enganado por personalidades fraudulentas.
Talvez o seu fascínio tenha a ver com isso
Com o quão verdadeiro eu possa ser.
Você queria ter essa coragem
Mas por enquanto a única coisa que você faz em relação a verdade é admirá-la.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Lacuna

Se lançar ao mar requer mais do que apenas bravura.
É necessário um pouco de irracionalidade, insanidade e eu diria até maldade. 
Enquanto o medo é uma couraça de escuridão que gruda e se espalha por cada parte do nosso corpo,
dominando os sentidos e a nossa mente.
A coragem traz a sensação de liberdade, força e pulsão de vida que todos querem ter. 

Se lançar ao mar com bravura não necessita apenas de um mar para mergulhar.
Mas também de um coração que bate forte, 
de um corpo cheio de sangue quente que percorre pelas veias.
De uma motivação ou apenas de um desejo. 
É preciso gostar do vento, assim como é preciso desapegar.

Estar no mar é como viver.
Viver intensamente todas as cores,
todos os sonhos.
Não se trata exatamente de ver, ouvir ou captar aquilo tudo
Mas sim de sentir com uma intensidade galáctica. 

Lançar-se ao mar é como destruir todas as suas barreiras e bloqueios,
E esquecer os olhos ao seu redor. 

domingo, 9 de junho de 2013

Da cor dos seus olhos castanhos

Do destino desconfio e o questiono.
Quantos desencontros me destes?
O problema sou eu ou você?
Ou o problema somos nós dois que não nos entendemos?
Eu não tenho gostado dos seus planos.
Você não deve gostar das minhas reações.

Acaso é minha explicação.
Carrego nos bolsos pílulas dele
E tomo-as como se fossem remédio para azia e mau humor.
Será que ele não é meu amigo de verdade?

Karma é um círculo de fogo
Sempre que ele surge na minha frente, sinto vontade de me banhar em álcool e atravessá-lo.
Mas meu coração e minha inteligência dizem que não.
Dizem que devo andar na direção contrária.
às vezes ele é o único caminho
ou às vezes é o único caminho que consigo ver.

Acaso é a quantidade de vezes que venho aqui e não consigo dizer o que realmente quero.
Ou seria destino?
Talvez apenas karma.

Rabiscos

Uma tempestade de ideias
Uma tormenta de vontades
Como calcular a força do vento?
Como provocar uma ventania?

Ultrapassando essas pontes frágeis e quase destruídas
Buscando por tudo o que nunca foi vivido.
Querendo ser aceso por dentro.
Querendo atear fogo na dura realidade de sempre.

Existem tantas vidas, tantos lugares
Existem tantos quadros que nunca foram vistos
E tantas energias nunca sentidas.
Voar além do luar e ver o sol nascer em outros horizontes.

Sem saber o que fica e o que vai,
Sem conseguir medir quanto de mim consegue sair junto de mim.
Eu só quero pular do precipício,
abrir minhas asas e voar.

sábado, 8 de junho de 2013

Voo

Uma noite mágica e vários dias de cansaço.
Cobertos pelo céu estrelado.
Os garotos ficaram, com frio, com vento
Movimentos poéticos
e medos anti-éticos, (ou apenas desnecessários)
Tantas bolhas de sentimentos seguindo com o ar
O horizonte negro em silêncio tudo dizia.
E a vida atravessando seus limites de rotina e cotidiano.

Areia seca ou molhada, não se tratava disso
De estar sujo ou limpo
Arrumado ou completamente bagunçado
A verdade ali era sentir, viver cada milissegundo.
E acho que foi exatamente lá que se chegou.
Naqueles momentos em que fechamos os olhos e nos sentimos infinitos.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

O senhor que ouvia música clássica

Passara das dez
A casa estava escura e as janelas abertas.
As composições de Chopin ecoavam pelos grandes cômodos
E o senhor estava ali sentado no coração apertado.
Ouvindo cada nota
Pensando em cada desespero, cada dor, cada cansaço.
Lágrimas a conta gota.
Poderia ter dez esperanças em seus bolsos
Mas só possuía desesperança
Marcadamente nietzschiana,
Eloquentemente freudiana.
Todas as linguagens, todos os silêncios, expressos ali
Pelo som do piano, Chopin, Chopin
Perdido e encontrado, entre vazios e desejos.
O que começou bonito, terminou clichê.
Não sou eu e você, eu ou você.
E sim, apenas somos e estamos
Apenas eu que sou e estou...
E o senhor está ali, sentado sobre o coração apertado
Enquanto as composições de Chopin ecoam pelos cômodos.
Ouvindo cada nota e dizendo tudo o que não diz.

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...