segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Flocos (de neve no deserto)

Vai saber o que eu sou.
Essa mistura de passado, presente e futuro.
Essa loucura insana, inocente, pervertida de beleza
Feiura, amargor e um toque de chocolate suíço.

Só sei que nada sei, que penso logo existo.
Mas sei lá qual minha esfera,
que anagrama me representa.
Talvez eu seja injustificável,
e meus atos sejam um contorno perfeito de uma lua morta e sem brilho,
que só às vezes pisca como árvore de natal usada e com defeito.

Talvez eu seja uma porta aberta onde anjos tocam e cantam durante oitenta noites sem parar
Ou apenas seja a porta do inferno fechada e com um letreiro grande e luminoso: entre sem bater.
Por que eu cometo o mesmo erro sempre, eu sempre afundo no mesmo buraco.
E não importa se minhas apostas são cada vez menores e sem valor,
a verdade é que dói e me faz chorar.

O que isso tudo quer dizer sobre mim?
Decida, decida, decida.
Escolha para onde ir, escolha o que você quer ser.
Então... talvez eu queira todas as coisas
Talvez eu queira demais e acabe sem nada,
perco até a mim por ter raízes tão efêmeras.

Anjos podem voar,
E anjos podem morrer.

domingo, 22 de setembro de 2013

Medíocre, nós dois

Você acabou com você em mim.
Sim, destruiu algo bonito que havia conseguido.
Destruiu os muros das minhas defesas
Fugiu
E agora eu pago o preço que for para sequer ver seu rosto, onde for.

Não, eu não odeio você.
O ódio morre em mim junto com a efemeridade do tempo
Vai embora como as altas temperaturas de uma febre.
De todas as dores que senti
Es tu uma das poucas que me arrependo de sentir

Fiquei doente de você
Por que você é um tipo erva daninha que só serve pra ser cortado pela raiz.
E pode parecer ressentimento, mas não é, sabe...
São só verdades que eu não preciso cuspir pessoalmente na sua cara
Nessa sua cara bonitinha, mas altamente ordinária.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O que eu também não entendo

Você deu sentido as músicas antes não compreendidas
Minha saudade de ti me fez entender o obscuro
A dor sutil depois de cem, duzentos, trezentos dias
ainda lembrar de cada gesto
Cada entonação, cada forma jocosa. 
Do olhar misterioso e sóbrio
Do outro lado da embriaguez. 

A carência me afunda tão longe em você
E eu volto até aqui para escrever
Escrever ao invés de chorar.
E ninguém poderia me ajudar, nós sabemos.
Nenhuma ligação que eu fizesse faria tocar seu telefone.
Nenhuma campainha que eu tocasse teria uma porta aberta por você.

Tantos foram os últimos textos, tantas despedidas
Mas eu nunca, nunca estou realmente dizendo adeus. 
E se você estivesse aqui
Será que eu sentiria a mesma coisa?


sábado, 7 de setembro de 2013

Universos paralelos

Pensando nos absurdos dos dias
Na coxinha de frango a dez reais
No lugar que todos vão, mas ninguém aparece
Na implicância que corresponde a carinho

Não, o mundo não está de cabeça para baixo
O ser humano que é torto
Tortuoso, errante, errático e cheio de soberba

Eu ouvi sobre o pecado original não ter nada a ver com uma maçã
Ou com uma serpente rosa.
Mas sobre a vontade do homem de ser Deus
E quem seria Deus? E só todos estiverem certos?
Mas e se todos estiverem errados?
Acho que eu não dou a minima. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Abraçados

Lembrei do que senti
Envolvido pelo seu abraço
Sob incontáveis estrelas

Corpo molhado, corpo gelado
E o seu calor, tão pouquinho
Tudo em preto e branco, correndo lento

A melodia doce que ainda atinge meus ouvidos
E os olhos melancólicos que nós dois sempre vamos ter.

Sob a capa, me escondendo

Aprendi a viver sozinho
Mesmo não morando mais só
Sigo a mesma rotina
Falo pouco, mantenho a seriedade
Sempre boiando na piscina
Mas sabe, existem dias que ainda doem
Que você precisa dividir um bolo de chocolate com alguém
Alguém que te abrace com amor
Calor, vontade e cuidado.
Então eu desligo a música, levanto da cama
E guardo essa carência numa caixinha pequena de madeira
Sigo com a vida pensando
E se eu encontrar um abrigo nessa caminho?

domingo, 1 de setembro de 2013

Pontas Tolas

Você existe?
Seu calor conseguiria aquecer um quarto inteiro?
Por que eu penso que o frio das estrelas é do tamanho de sua própria beleza.

Honestamente
Precisaríamos nos reconhecer
Daquela forma que o tempo para e emerge na alma uma vontade súbita de chorar

Eu penso nos filmes que já vi e nos livros que li, nossa, eu ou alguém já escreveu essa frase, não?
Fuc%! O que eu estou fazendo com meus dias?
Todas essas crises do pão, do tomate, de identidade
Será que eu existo?
Meu calor consegue aquecer qualquer coisa que seja?

Eu vi você, e nada mais era que uma sombra na parede.
A grande ilusão que eu, tolamente, quis ter
No fundo eu, estupidamente, sempre soube

Entre essas frases parciais, sem métrica, sem rimas
A noite chega, e então... mas um dia se foi...
Enquanto estou chorando ao telefone
Sem derramar uma lágrima sequer.

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...