segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sem nenhuma palavra

suas mentiras tão doces
e sua pele tão macia
o silêncio inesperado
aquele golpe dormente

o que se sentia dormiu com nosso sono
como a água que vazou pela escada
a esquina que se virou
e nenhum arrependimento
apenas desaparecidos

química, física e nenhuma poesia
saliva, sem melodia
os dias, poucos dias
tanto toque,
e as palavras sem promessas

somos cidadãos
podemos vir, e ir
pelas ruas vazias
os céus bonitos
e a esperança sinuosa

domingo, 24 de novembro de 2013

R.I.P. BH

uma década atrás
o frio de BH
as janelas de vidro, pouca luz
o sofá com cheiro de gato
a cozinha pequena e a comida bem temperada
Saudades da minha mãe
vontade de ficar pra sempre
Descendo a Av. Brasil
Indo ao cinema sozinho
Hanson no repeat
E a infância se esvaindo tão gostosa


sábado, 16 de novembro de 2013

Ressecado

Tão grande, mas preso em uma bolha
De insegurança e preguiça...
Um jardim de mediocridades.
Seus sonhos não condizem com as ações de suas mãos.
Escondendo-se não apenas dos inimigos.

Lá fora o mundo grita, assim como no seu peito
Mas nesses caminhos, de tanto ser fraco, enfraqueceu.
Quais luzes deveriam se acender? Qual a cor da chama?
Se perguntando qual o seu problema e como solucioná-lo.
Parado com um pacote vazio nas mãos.

Sem estar preparado para correr todo o navio e se atirar da popa.
Sem estar preparado para montar no cavalo e cavalgar.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Inatingível

Você tem medo do adeus, eu também
Num mundo em que tudo acaba em despedida
Como poderíamos ser diferentes?

Eu choro a solidão, sozinho, no meu quarto
Enquanto a música triste toca no rádio
Que escolha eu poderia ter?
Sempre perdido entre ser, querer, e não conseguir, e evitar, e desistir, e não fazer.
Mais bonito seria ser feliz nos diários do sol

Os dias passam e as horas se estendem, as pessoas ao redor nunca me entendem
Eu também não, carregando esses vazios ou essas vastidões, que nada dizem
E os tempos vão seguindo, e a vida também
Nesse rio corrente que escorre no grande mar
Azul, mas a realidade é tão cinza.

Eu tenho medo do adeus, mas mais ainda tenho do olá.
Num mundo em que tudo começa com um simples cumprimento
Como poderia, eu, ser diferente?

Se vemos o que queremos ver
Se sentimos o que queremos sentir
Onde está a felicidade?
Em qual esquina, em qual olhar, em qual constelação lunar...

sábado, 9 de novembro de 2013

Amarelo

Saudades da vida que não vivi
E do tempo do qual não fiz parte
Saudades da exterioridade dos espaços que nunca fui.
Saudades de esperar inéditas da Elis, Tom, Cazuza
Tudo o que nunca vi chegar

Naquele tempo a vida parecia mais vida
Os homens mais homens, mais corpo, mais olhar
Mais reais, menos ideais
Mas quem seria eu para comparar ou criticar o depois de ontem

'Vou apenas sair por aí,
sem pensar no que foi que sonhei,
que chorei,
que sofri...'
que não vivi.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Uma razão, mas não uma escolha

Já vivi este dia mil vezes
Esta mesma sensação al mirar por las ventanas
Lo mismo sentimiento
O vazio, a melancolia grossa e rude

Como se a liquidez atingisse seu ápice
E eu não consiguisse perceber sequer
Em qual esquina deixei meu norte
Nenhuma direção me serve
Nem coisa alguma...

Apenas as canções me mantém vivo na caixa temporal que me encontro nesses dias
Dias grises que ya viví más de mil veces

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

... travessuras

Fique para o café...
Enquanto minha mão desliza pelos botões da camisa invisível
Uma cama tão grande
Para quem você vai correr antes de chorar?

Os dois braços do abraço,
quanta luta pra chegar
Ao cognoscível do espaço
Onde homem sempre estará.

 A andar, a cantar, em cada passo se perder.
Ouvindo Brega, ouvindo Rae
- Senhor? Dê um passo de cada vez!

Os quatro braços do abraço
Uma cambalhota pelo ar
Não se corre, não se teme
vale a pena se entregar.

Entre o homem e o palhaço
Muita tinta e um coração
Seja bicho, seja gente
Fique para o café com pão.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Doces ou...

O que fazer com a carta do coringa?

Nota-se um certo calor no peito
Coração que pulsa
Tranquilidade e excitação.
Duas cambalhotes ao redor da sua alma.

Seu riso é verdadeiro?

Sente-se que alegria que contagia
Também revela a tristeza no olhar
A cara pintada de cinza
Amar é maior do que o mar!?


domingo, 3 de novembro de 2013

Bauminiano no café da manhã

Eu preciso desesperadamente do encontro.
Ou talvez eu precise deixar o encontro acontecer.
Ou me permitir ao encontro.
Ou até, tornando tudo mais estranho: eu preciso me encontrar.

Isso deve ser a origem dos problemas
Essa preocupação obsessiva com o EU que precisa
Essas cores egoístas que permeiam minha potência.
A oposição entre proteção e compartilhamento.

Cercado pela era digital, carregando pesos analógicos.
Como se o homem fosse mesmo virtual...
Nessa loucura deselegante em que viver se tornou
Nessa aventura pouco poética e sensorial.

Tudo se resume ao escrito e a representação de si
Das piores maneiras possíveis.
Então a dúvida minguante se sustenta...
Estaria alguém preparado para o encontro?

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...