quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Divagação sem canção

Parece que cada coisa que eu sinto e penso tem o tamanho de um átomo. E que tenho um monumento enorme preenchido por esses átomos, pra ser dito.
Eu poderia tentar e não seria o bastante, nunca será, nem que eu escreva a minha vida toda.
Eu quero falar sobre só uma coisa, que gera várias outras. Na verdade quero dizer como eu me sinto nessa teia de aranha que fui preso.
Eu me sinto como um observador que espiona o seu vizinho, mas esse vizinho deseja ser observado.
E eu fico esperando um convite para uma visita a casa do lado, e acho que o vizinho fica esperando uma visita minha. Então eu deixo minha janela e vou até sua casa, mas quando saio da minha a casa ao lado não existe, o vizinho não está ali. É estranho.
E como se você fosse separado do seu desejo por um vidro. Como se existisse um vidro inquebrável, indestrutível, como se aquilo que você queria tocar estivesse do outro lado do mundo, seria a mesma sensação de estar na sua frente, atrás do vidro.
Eu queria poder dizer tudo, mas seria como levantar minha porta de aço e deixar minha janela de vidro exposta a qualquer ataque, pedra, rosa...
Eu prefiro ficar aqui, observando, e pensando em como fazer para sair de casa no momento certo e conseguir enxergar a sua, conseguir chegar até o que eu vejo atrás do vidro, na minha frente, do outro lado do mundo, na janela da casa vizinha.

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