quarta-feira, 22 de junho de 2016

Cinzas

Eis-me aqui novamente
Amolecido pelo calor da dor
Rígido pelo mesmo motivo
Homem inteiro, de braços soltos, destensionado e cheio de cicatrizes.

Eis-me aqui por completo
Fera, ferido e curado
sentindo nos raios de Apolo o outro lado de perder

Pergunto-me, não seria a culpa apenas abjeto daqueles que nós querem presos?

Sou eu o novo eu, o velho eu e tudo aquilo que finda e abre espaço ao que estar por vir
Eu sou o que clama e é ouvido, que pede e tem o corpo apertado contra um peito
Abençoado, filho de Apolo e Dionísio
Filho do que vem do amor, da celebração e da paz

Eu sou aquilo que é feio e que é bonito, que é triste e que também sorri
Não mais, nem menos do que qualquer um é.
E digo: a diferença entre os homens não jaz em sua visão ou falta dela, mas sim entre aqueles que ouvem e os que estão surdos.

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