quarta-feira, 22 de junho de 2016

Miss Ives

As vezes nos apaixonamos por aquilo que não existe
Por aquilo, ou aquele que vemos através de uma tela
Por algo que sequer é real, por um personagem, uma forma de olhar
As vezes nos apaixonamos pela identificação que a ficção nos causa.

Te estranhei, repugnei... teus olhos, tua fraqueza
Toda a escuridão e lascividade que emanava em cada passo
Perseguida pelas sombras, afrontosa, vil
E principalmente... absurdamente... lamentavelmente solitária.

Se olhava no espelho e via solidão, sentia a dor no peito por não alcançar com firmeza a luz que tanto clamava
E mesmo assim, inevitavelmente talvez, me apaixonei,
Assim como a criatura fez o homem, a besta, a criatura
Pela sua esperança, pelo magnetismo que dizia: não posso ser, e nunca serei, apenas uma coisa

Te enxergava como quem olha nos próprios olhos através do espelho
E queria ver seus passos até o fim
Tudo como uma doce e obscura ilusão
Mas é isso, apenas, que o poeta sabe fazer, chorar... e em alguns momentos escrever...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...