quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Mais uma de amor

Olha só para você com seus amores inúteis, suas ilusões tão bem definidas, explicitadas, gritadas aos quatro ventos. 
Sua aparenciazinha de quem quer ser tão bonitinho e mediocrizinho em gênero, número e grau. 
Ah, essa tua mentira, quem vem junto com a tua pele e teu cheiro, teus beijos quentes que mentem como tuas palavras. 
Esse teu andar, teu aparecer por aí, com esses olhos de Capitu forçosa de ingenuidade. 
Se esgueira como uma cobra que dá o bote e se transforma em cordeiro ferido para melhor passar.
Essa tua cara de pau lustrado, tão lisinha, tão brilhante como teu sorriso ignóbil. 
Tudo isso que é teu, que é de sempre, que é de muito, de exagerado, de passado do tempo, 
tudo isso que me adoece, me faz doer a barriga, me ressente. 
Sim, ressentido eu por conseguir ver tanto, ver tudo. 

Queria ser cego, queria ser surdo.
Queria não entender essa língua dos homens, tão asquerosa, tão fétida. 
Que se vá como um raio e se parta com um. 
Que de ti não reste nada, que não sobre restos, que as migalhas sejam esmagadas, lavadas.
Que vá até minha raiva, mi odio, todo el veneno. 
Que
Qu
Q
se foda com força até tuas entranhas partirem, como tu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A última olhada para trás

 Eu ainda amo  Ainda amo e amo ainda Há muito tempo Há muitos anos Há muitas vidas  Eu sinto isso em mim No estômago, no peito, nos olhos No...